Como restaurar a criança vulnerável?

por | maio 3, 2017 | Artigos

Quando uma criança nasce, sua identidade começa a se formar a partir de suas experiências com seu cuidador, e as pessoas à sua volta, através de seus olhares, o tom de sua voz, a força do toque, a expressão do rosto, o movimento do colo, a chegada do alimento…

 

As impressões e sensações se repetem e ao passo que o bebê cresce, elas vão se confirmando. A criança começa a interpretar suas emoções e a partir delas começa a tirar conclusão a respeito de si mesma.

 

Uma criança que não tem a felicidade de perceber no outro o acolhimento e sorrisos de aprovação, deduz que o que está sendo dito a ela, através de palavras, gestos, atitudes e olhares, é que ela não vale grande coisa. A criança apreende que não é amada e sua sobrevivência não está garantida, ou seja, está ameaçada. O resultado é o retrato de uma criança insegura, frágil e vulnerável.

 

Essa é a realidade de milhares de crianças que nascem num lar que não está preparado ou sadio para recebê-las. Algumas se defendem se tornando aparentemente fortes e agressivas, prontas para enfrentarem qualquer perigo. Outras se retraem e vivem amedrontadas. Qualquer uma das reações de defesa das crianças leva a um maior descontentamento dos que as rodeiam, que as desprezam ainda mais ou as agridem.

 

Cada vez que perguntamos a uma criança que vive numa situação desfavorável, qual foi a pior situação que já enfrentou, a resposta é sempre uma das seguintes:

 

  • abuso físico, pessoal ou de um membro da família;
  • morte de um ente querido;
  • abandono ou rejeição;
  • ameaça verbal, xingamento;
  • abuso sexual;
  • separação da família;
  • provocação, bulling;
  • fuga para as ruas;
  • uso de drogas;
  • exemplo negativo dos pais;
  • doença pessoal ou de um familiar.

 

Essas situações traumáticas se apresentam para a criança como uma apunhalada, uma agressão que gera confusão, dor e sofrimento.

 

Nem todas as crianças que enfrentam tragédias como essas, tem dificuldade para superá-las, mas a criança que já vive um ambiente de desamor usa o trauma para confirmar e sedimentar o que já sabia – não tem valor; não deveria ter nascido; sempre faz a coisa errada; ninguém jamais a amará; não tem futuro; está sozinha; etc.

 

As crianças que vivem em vulnerabilidade social são alvo fácil desse mecanismo. Elas ficam imobilizadas diante dessa crença e agem de acordo com essa identidade.

 

Estratégia do inimigo

 

Desde o início dos tempos satanás usou a estratégia da mentira para acabar com o homem. Ele é muito experiente em aprisionar o ser humano e continua usando seus velhos truques. Jesus nos disse que quando o diabo “…mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.” (João 8:44).

 

Não devemos nos surpreender então, que quando uma criança é acometida por injustiças, o pai da mentira sussurre em seu ouvido que ela não presta, ou a leve a questionar a bondade de Deus. Assim como Adão e Eva o fizeram, as crianças que já são vulneráveis acreditam facilmente nas mentiras de satanás, comprometendo assim a sua liberdade e infância.

 

Qual a nossa tarefa diante desse quadro perverso?

 

Contar a verdade para essas crianças. Ajudá-las a se libertarem dessa prisão esmagadora que as impede de crescer de forma saudável. Jesus quer usar seu exército para desfazer a bagunça do inimigo. Jesus quer usar nossas bocas, gestos e atitudes para levar as crianças a conhecerem a verdade, pois “… conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32).

 

A verdade de Cristo é o antídoto do veneno da mentira. A criança que aprende e aceita que na verdade ela é amada e especial para Jesus; que Ele quer cuidar dela e lhe fazer companhia para sempre; que Ele nunca a abandonará e sempre a protegerá, independente do que possa ter acontecido, ela é resgatada da perdição e acolhida pelos braços de Jesus que lhe abre os olhos para enxergar sua verdadeira autoimagem, imagem e semelhança do próprio Cristo.

 

A criança que se vê como um ser amado e que encontra em Jesus o amparo que talvez nunca antes sentisse, muda! Seu sentimento modifica; sua atitude transforma; seu comportamento altera, porque agora se relaciona com seu mundo a partir de uma nova identidade:

 

  • a identidade de filha(o) – 1 João 3:1a;
  • de herdeira(o) – Gálatas 4:7;
  • de estrela que brilha no universo – Filipenses 2:15- 16a;
  • com uma coroa na cabeça – Provérbios 4:7-9.

 

Este é o plano de Deus para cada uma de nossas crianças, adolescentes e jovens. Ele quer ver suas promessas se cumprirem nas suas vidas. É através de você e de mim que Ele planeja chegar até elas. Mesmo com o coração quebrado elas se abrirão e ouvirão a voz de Cristo através de nós. Vamos nos dispor a ir até elas, uma a uma, lhes contando a verdade que liberta!

 

Se você não tem como falar diretamente com a criança, apoie quem pode! Incentive para que a Palavra que produz Vida chegue até cada criança vulnerável. Doe Agora!

 

Clenir Santos, Diretora Internacional do Projeto Calçada

 

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